Do
livro: O Diabo existe: eu encontrei-o
Conta as experiências
de exorcismo do Frei Benigno, em Palermo, Itália.
O CASO AMBROGIO – Parte
I *
Fenômenos
inquietantes
Ambrogio
nasceu em 1978. Aos cinco anos, fez a primeira Comunhão e tornou-se, na
paróquia da sua terra, uma espécie de ajudante e confidente do pároco. Naqueles
anos, tudo era normal no seu agir.
Aconteceu, porém, que no dia 1 de Outubro de 1993, junto
da casa de uma amiga de família, um quadro de Nossa Senhora das Lágrimas de
Siracusa, que lhe tinha sido oferecido por Ambrogio, começou a lacrimejar.
Logo depois, o mesmo aconteceu em casa dele com outro
quadro da Senhora das Lágrimas, primeiro, começou a transudar água e, depois, a
lacrimejar sangue.
Em Dezembro, outras imagens sagradas, ainda e sempre em
casa de Ambrogio, começaram a transudar, abundantemente, água e também uma
espécie de óleo, e ainda a lacrimejar sangue.
No dia de Páscoa de 1994, quando ainda não tinha
completado dezesseis anos, Ambrogio teve uma aparição da Senhora que lhe
confiava uma missão especial a favor de sua terra.
No dia seguinte de manhã, teve uma visão: viu uma cruz
luminosa e ouviu uma voz que lhe dizia que haveria de sofrer muito.
Durante todo o mês de Maio de 1994, a aparição da Senhora
no dia de Páscoa começou a repetir-se, diariamente, às dez horas da noite, numa
capela da sua terra, ocasionando um corre-corre de pessoas que iam procurar
Ambrogio para ouvir as mensagens da Mãe de Deus.
Seguiram-se
aparições de Jesus, de vários Santos e de pessoas defuntas.
Ainda
em 1994, Ambrogio viveu um fenômeno de levitação, ao mesmo tempo que as
aparições, que continuaram durante todo aquele ano, lhe desaconselhavam a que
se aproximasse do seu pároco, o que, evidentemente, não podia deixar de
despertar dúvidas acerca da sua origem divina.
Depois,
começaram outros fenômenos: era atingido por uma espécie de flagelação e de
crucificação, com o aparecimento de arranhões no tórax. Também se formaram
cruzes na testa e no resto do corpo; posteriormente (1995), apareceram estigmas
nas mãos e nos pés. Também teve manifestações de paresia, isto é, paralisia
leve, parcial ou temporária.
Tudo
isto lhe causava dores atrozes.
Entretanto,
formara-se em volta de Ambrogio, um grupinho de pessoas, que o seguia e rezava
com ele, enquanto continuava aquela espécie de flagelação-crucifixão.
Contudo,
bem depressa, começaram a surgir fatos inquietantes que acabaram por lançar a
suspeita de uma intervenção diabólica em todos estes fenômenos; de fato, na
casa de Ambrogio, começaram a rebentar, ao mesmo tempo, todas as lâmpadas
elétricas, a caírem no chão todos os quadros com imagens sagradas e, às vezes, a tremer os vidros de todas as janelas, mesmo quando não ventava.
Testemunho de um sacerdote não
exorcista
Entretanto, um sacerdote não exorcista começou a seguir
Ambrogio durante algum pouco tempo. Sobre ele escreveu:
<<Um dia, fui
chamado à cabeceira de Ambrogio para levar-lhe a Comunhão. Contorcia-se com
dores. Tinha arranhões nas costas.
Outro dia, fui chamado de noite por causa de barulhos
noturnos. Naquela ocasião, encontrei o quarto de Ambrogio numa grande desordem
e vi uma porta despedaçar-se, literalmente. Ambrogio não queria ninguém no seu
quarto e quando tudo isso cessou, ele, destruído e cheio de medo, estava
debaixo da cama. Noites tremendas daquele gênero foram cerca de dezesseis>>.
As coisas que se verificaram naquele período – segundo o
testemunho daquele sacerdote – foram as seguintes: << Objetos a voar,
destruição de móveis, arranhadelas nas paredes, cheiro de enxofre, pétalas e
botões de rosa a sair da boca de Ambrogio. No seu corpo, apareciam sinais como
IHS [1]* ou o esboço do rosto de
um homem projetando-se a partir do umbigo. Depois, era erguido no ar por uma
força invisível, sendo necessário que alguém o segurasse na cama para que isto
não acontecesse. >>
Não
vou à casa daquele corvo negro
Todas estas coisas lançaram ainda mais suspeitas sobre
aquelas aparições que tinham marcado a vida de Ambrogio, a partir de 1993.
Por isso, o sacerdote pensou mandá-lo ao padre Matteo La
Grua, frade menor conventual e, então, o único exorcista da diocese de Palermo.
Quando falou com ele, Ambrogio teve uma reação impulsiva:
<< Não vou à casa daquele corvo negro.>> No entanto, foi lá, em
finais de 1995.
Segundo o que aquele sacerdote deixou escrito, na manhã
em que devia partir, <<num estado de transe, quebrou todas as estátuas da
casa e queimou todas as imagens sagradas.>>
Durante a oração do padre Matteo La Grua, sem que
Ambrogio perdesse a consciência, aconteceu o fenômeno da levitação: << Eu
estava elevado acima do chão – recorda ele próprio – e via as cabeças de todos.
Sentia- me muito alto e muito rígido, como se fosse um mastro. >>
Quando voltou à casa, Ambrogio encontrou a mãe cheia de
medo, porque as imagens sagradas, que haviam sido queimadas, também estavam
marcadas com cruzes queimadas e invertidas. Numa delas, a queimadura do rosto
de Jesus formava uma cruz invertida e um rosto negro com cornos e, por baixo,
havia uma inscrição: Satanás.
Ainda tenho a
fotografia destas imagens.
O sacerdote que tinha acompanhado
Ambrogio ao padre Matteo e que, no regresso estava com ele em casa, diante
daquela cena, disse-lhe: “Meu filho, ou fazes um caminho de conversão ou
perdes-te.”
Aquelas palavras provocaram nele uma reação violenta. Não
podendo fazer de outro modo, mas ainda consciente, começou a praguejar e fugiu
para os campos. Quando o sacerdote o alcançou, deu-lhe uma bênção, que lhe
provocou uma segunda reação, seguida de desmaio. Levado para casa, acordou e
começou a chorar.
Depois, durante uma oração de libertação, o sacerdote
perguntou:
--Quem és tu?
Ambrogio,
embora consciente, sentiu-se obrigado a responder:
--Satanás.
O
padre Matteo voltou a exorcizá-lo até o fim de 1996.
Com
as orações de exorcismo – segundo o que o próprio Ambrogio me referiu –
desapareceram as aparições, os fenômenos de flagelação-crucificação e os
estigmas. Permaneceram alguns distúrbios – deixou escrito aquele sacerdote –
como insônias, fortes arrepios, de frio, sensação de algo viscoso, com que
Ambrogio se sentia envolvido, fenômenos de paralisia dos membros e, às vezes, de
todo o corpo, enevoamento da vista. Em geral, todas estas coisas aconteciam
entre as vinte e três e as três da madrugada.
Com
o início dos exorcismos (finais de 1995), as reações de Ambrogio às orações
atenuaram-se. Mas, durante os meses de Junho e Julho de 1996, tornaram-se muito
violentas. Além disso, era-lhe impossível comungar, porque vomitava a hóstia
consagrada.
Depois,
tinha como que convulsões que cessavam passado cerca de uma hora e meia de
oração, podendo, assim, voltar à normalidade.
Na
noite de 21 de Julho – recorda aquele sacerdote -, depois de uma crise, ele
quis comungar. Teve dificuldade em engolir, mas não vomitou.
Contudo, sentiu dores de estômago muito fortes e um
enfartamento. Depois, ficou temporariamente paralítico e entorpecido durante
cerca de meia hora, durante a qual se continuou a orar por ele.
De dia, era assaltado por dúvidas sobre a possessão e, à
noite, voltava a viver estes dramas. Em geral, depois do exorcismo ou de uma
oração de libertação, conseguia repousar pela primeira noite.
Objetos vomitados
Entretanto, o padre Matteo pensou confiar Ambrogio ao
exorcista da sua diocese que, havia pouco, fora nomeado para aquele ofício.
Este ocupou-se do rapaz durante quase quatro anos, de finais de 1996 a 2000.
Durante um exorcismo, Ambrogio vomitou pétalas, uma
fitinha azul com sete nós, uma cruz formada com um fio de ferro, um prego com
cabeça quadrada, um corninho de coral e pedaços de vidro: todas estas coisas,
que ainda conservo, foram-me entregues por Ambrogio. Noutra vez, os vidros e a
porta da saleta dos exorcismos começaram a tremer e não havia vento.
Um dia, de regresso a casa, depois do exorcismo, Ambrogio
teve reações violentíssimas contra a sua mãe: com um pontapé fez literalmente
cair uma das paredes do seu quarto; depois, pegou na máquina de costura,
ergueu-se e atirou-a contra um jovem que, naquele momento estava em sua casa;
mas não o atingiu.
Uma moça belíssima
Entretanto, Ambrogio era denunciado por diversas pessoas
por lhes ter enviado cartas e feito telefonemas anônimos.
Na verdade, existiram; mas, enquanto ele se encontrava em
transe, do que, evidentemente, não se lembrava.
As denúncias provocaram o seu isolamento. Todos o
abandonaram, inclusive os seus familiares.
Desde então, começou a ouvir uma voz a dizer-lhe:
“Doravante, pertences-me e não tens escapatória. Deus pôs-te de lado. Deus não
te ama. És nosso.”
Aquele abandono da parte de todos provocou em Ambrogio
sentimentos de grande prostração. Sentia-se uma nulidade e tinha decidido
acabar com tudo, atirando-se da janela de cabeça para baixo.
Mas, quando já estava para realizar sua decisão, alguém
veio socorrê-lo.
Ao abrir a janela, viu uma belíssima rapariga que o fixou
nos olhos. Aquele olhar fulminou-o: naquele instante, a tentação de suicídio
desapareceu e, inundado de grande paz, caiu num sono profundo.
Sonhou que a rapariga o acariciava, lhe beijava a testa,
lhe fazia beijar o crucifixo que trazia consigo e lhe dizia: “Telefona às
minhas Irmãs e diz-lhes que rezem por ti. Eu estou junto de ti.”
No dia seguinte, ao acordar, sentiu necessidade de rezar.
Pegou no livro Pregate, pregate [Rezai,
Rezai,] e encontrou uma imagem de Jesus Crucificado com o endereço das “Irmãs
de Santa Gema”.
Distúrbios
de Ambrogio
Em 2000, Ambrogio teve de voltar ao padre Matteo, porque
o exorcista da sua diocese, talvez com medo, tinha decidido não lhe fazer mais
exorcismos e confiar a sua libertação aos meios ordinários: Missa, Confissão e
Comunhão.
De fato, fui eu quem teve de ocupar-se, porque havia
pouco tinha sido nomeado exorcista da diocese de Palermo (13 de Abril) e, para
aprender, fui falar com o padre Matteo que, ao entregar-me o Rito degli esorcismi, me mandava fazer
tudo, embora ele estivesse presente.
Foi assim que, nos aposentos do padre Matteo, conheci
Ambrogio e lhe fiz o primeiro de uma série de exorcismos. Estávamos em Maio de
2000.
Desde início, entrou logo em transe e manifestou-se nele
o Maligno com uma violência incrível.
Deitado de costas no chão, fincando-se nos pés,
deslocava-se com uma velocidade impressionante de um lado para o outro da sala
para escapar à minha oração.
Um
dia, o sapato saiu misteriosamente do seu pé e foi bater no padre Matteo,
presente no exorcismo.
Dizia que o seu nome era “Legião” e que possuía Ambrogio
desde o nascimento. Não tencionava ir-se embora, porque a alma dele – dizia-lhe
pertencia e não pensava deixá-la.
Continuei a seguir Ambrogio, tanto nos aposentos do padre
Matteo (de Outubro de 2000 a Julho de 2002).
Durante estes anos, mas também antes, ele sentiu sempre
sonolência na oração e uma grande repugnância por ela e também pela Eucaristia.
As suas noites foram marcadas por insônias persistentes que, todavia, nunca lhe
causaram cansaço. De fato, os seus dias caracterizavam-se por uma
hiperatividade e por uma força extraordinária. Disso ainda se recordam aqueles
que foram seus vizinhos.
Ao entrar na igreja, sentiu sempre o cheiro de cadáver em
decomposição, fenômeno que se acentuava quando se aproximava do Sacrário ou
quando, mesmo com grande dificuldade, ia comungar.
Às vezes, esse mau cheiro emanava do seu corpo, coisa que
também os outros sentiam.
Ao participar na Missa, era obrigado a ouvir blasfêmias
horríveis e sentia uma forma interior que o levava a proferí-las em voz alta,
que ele se esforçava por controlar. Quando temia não conseguir, fugia, indo
para a sacristia.
A participação na Missa foi-lhe sempre um suplício,
porque então era sovado, cujos sinais lhe marcavam o corpo. O mesmo acontecia
sempre que, na conversa, se abordavam temas religiosos.
Depois, quando tinha de preparar tudo para a celebração
da Santa Missa, ficava de tal modo baralhado que precisava de muito mais tempo.
Por fim, sentia uma tendência obsessiva que o impelia a
matar animais enquanto criaturas de Deus, e acontecia que, quando se punha em
oração, saíam da sua boca blasfêmias contra o Senhor, em vez das orações que
ele julgava estar a rezar. Mas ele não se dava conta disso. Só quem estava à
sua volta o ouvia.
(continua...)
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