Apresentação

quinta-feira, 14 de março de 2013

Exorcismo


Do livro: O Diabo existe: eu encontrei-o


Conta as experiências de exorcismo do Frei Benigno, em Palermo, Itália.

O CASO AMBROGIO – Parte I *

             Fenômenos inquietantes

Ambrogio nasceu em 1978. Aos cinco anos, fez a primeira Comunhão e tornou-se, na paróquia da sua terra, uma espécie de ajudante e confidente do pároco. Naqueles anos, tudo era normal no seu agir.
            Aconteceu, porém, que no dia 1 de Outubro de 1993, junto da casa de uma amiga de família, um quadro de Nossa Senhora das Lágrimas de Siracusa, que lhe tinha sido oferecido por Ambrogio, começou a lacrimejar.
            Logo depois, o mesmo aconteceu em casa dele com outro quadro da Senhora das Lágrimas, primeiro, começou a transudar água e, depois, a lacrimejar sangue.
            Em Dezembro, outras imagens sagradas, ainda e sempre em casa de Ambrogio, começaram a transudar, abundantemente, água e também uma espécie de óleo, e ainda a lacrimejar sangue.
            No dia de Páscoa de 1994, quando ainda não tinha completado dezesseis anos, Ambrogio teve uma aparição da Senhora que lhe confiava uma missão especial a favor de sua terra.
            No dia seguinte de manhã, teve uma visão: viu uma cruz luminosa e ouviu uma voz que lhe dizia que haveria de sofrer muito.
            Durante todo o mês de Maio de 1994, a aparição da Senhora no dia de Páscoa começou a repetir-se, diariamente, às dez horas da noite, numa capela da sua terra, ocasionando um corre-corre de pessoas que iam procurar Ambrogio para ouvir as mensagens da Mãe de Deus.
Seguiram-se aparições de Jesus, de vários Santos e de pessoas defuntas.
Ainda em 1994, Ambrogio viveu um fenômeno de levitação, ao mesmo tempo que as aparições, que continuaram durante todo aquele ano, lhe desaconselhavam a que se aproximasse do seu pároco, o que, evidentemente, não podia deixar de despertar dúvidas acerca da sua origem divina.
Depois, começaram outros fenômenos: era atingido por uma espécie de flagelação e de crucificação, com o aparecimento de arranhões no tórax. Também se formaram cruzes na testa e no resto do corpo; posteriormente (1995), apareceram estigmas nas mãos e nos pés. Também teve manifestações de paresia, isto é, paralisia leve, parcial ou temporária.
Tudo isto lhe causava dores atrozes.
Entretanto, formara-se em volta de Ambrogio, um grupinho de pessoas, que o seguia e rezava com ele, enquanto continuava aquela espécie de flagelação-crucifixão.
Contudo, bem depressa, começaram a surgir fatos inquietantes que acabaram por lançar a suspeita de uma intervenção diabólica em todos estes fenômenos; de fato, na casa de Ambrogio, começaram a rebentar, ao mesmo tempo, todas as lâmpadas elétricas, a caírem no chão todos os quadros com imagens sagradas e, às vezes, a tremer os vidros de todas as janelas, mesmo quando não ventava.


    Testemunho de um sacerdote não exorcista
           
            Entretanto, um sacerdote não exorcista começou a seguir Ambrogio durante algum pouco tempo. Sobre ele escreveu:

<<Um dia, fui chamado à cabeceira de Ambrogio para levar-lhe a Comunhão. Contorcia-se com dores. Tinha arranhões nas costas.
            Outro dia, fui chamado de noite por causa de barulhos noturnos. Naquela ocasião, encontrei o quarto de Ambrogio numa grande desordem e vi uma porta despedaçar-se, literalmente. Ambrogio não queria ninguém no seu quarto e quando tudo isso cessou, ele, destruído e cheio de medo, estava debaixo da cama. Noites tremendas daquele gênero foram cerca de dezesseis>>.
            As coisas que se verificaram naquele período – segundo o testemunho daquele sacerdote – foram as seguintes: << Objetos a voar, destruição de móveis, arranhadelas nas paredes, cheiro de enxofre, pétalas e botões de rosa a sair da boca de Ambrogio. No seu corpo, apareciam sinais como IHS [1]* ou o esboço do rosto de um homem projetando-se a partir do umbigo. Depois, era erguido no ar por uma força invisível, sendo necessário que alguém o segurasse na cama para que isto não acontecesse. >>


                  Não vou à casa daquele corvo negro

            Todas estas coisas lançaram ainda mais suspeitas sobre aquelas aparições que tinham marcado a vida de Ambrogio, a partir de 1993.
            Por isso, o sacerdote pensou mandá-lo ao padre Matteo La Grua, frade menor conventual e, então, o único exorcista da diocese de Palermo.
            Quando falou com ele, Ambrogio teve uma reação impulsiva: << Não vou à casa daquele corvo negro.>> No entanto, foi lá, em finais de 1995.
            Segundo o que aquele sacerdote deixou escrito, na manhã em que devia partir, <<num estado de transe, quebrou todas as estátuas da casa e queimou todas as imagens sagradas.>>
            Durante a oração do padre Matteo La Grua, sem que Ambrogio perdesse a consciência, aconteceu o fenômeno da levitação: << Eu estava elevado acima do chão – recorda ele próprio – e via as cabeças de todos. Sentia- me muito alto e muito rígido, como se fosse um mastro. >>

            Quando voltou à casa, Ambrogio encontrou a mãe cheia de medo, porque as imagens sagradas, que haviam sido queimadas, também estavam marcadas com cruzes queimadas e invertidas. Numa delas, a queimadura do rosto de Jesus formava uma cruz invertida e um rosto negro com cornos e, por baixo, havia uma inscrição: Satanás.
Ainda tenho a fotografia destas imagens.
O sacerdote que tinha acompanhado Ambrogio ao padre Matteo e que, no regresso estava com ele em casa, diante daquela cena, disse-lhe: “Meu filho, ou fazes um caminho de conversão ou perdes-te.”

            Aquelas palavras provocaram nele uma reação violenta. Não podendo fazer de outro modo, mas ainda consciente, começou a praguejar e fugiu para os campos. Quando o sacerdote o alcançou, deu-lhe uma bênção, que lhe provocou uma segunda reação, seguida de desmaio. Levado para casa, acordou e começou a chorar.

            Depois, durante uma oração de libertação, o sacerdote perguntou:
            --Quem és tu?
Ambrogio, embora consciente, sentiu-se obrigado a responder:
--Satanás.

O padre Matteo voltou a exorcizá-lo até o fim de 1996.
Com as orações de exorcismo – segundo o que o próprio Ambrogio me referiu – desapareceram as aparições, os fenômenos de flagelação-crucificação e os estigmas. Permaneceram alguns distúrbios – deixou escrito aquele sacerdote – como insônias, fortes arrepios, de frio, sensação de algo viscoso, com que Ambrogio se sentia envolvido, fenômenos de paralisia dos membros e, às vezes, de todo o corpo, enevoamento da vista. Em geral, todas estas coisas aconteciam entre as vinte e três e as três da madrugada.
Com o início dos exorcismos (finais de 1995), as reações de Ambrogio às orações atenuaram-se. Mas, durante os meses de Junho e Julho de 1996, tornaram-se muito violentas. Além disso, era-lhe impossível comungar, porque vomitava a hóstia consagrada.
Depois, tinha como que convulsões que cessavam passado cerca de uma hora e meia de oração, podendo, assim, voltar à normalidade.
Na noite de 21 de Julho – recorda aquele sacerdote -, depois de uma crise, ele quis comungar. Teve dificuldade em engolir, mas não vomitou.
            Contudo, sentiu dores de estômago muito fortes e um enfartamento. Depois, ficou temporariamente paralítico e entorpecido durante cerca de meia hora, durante a qual se continuou a orar por ele.
            De dia, era assaltado por dúvidas sobre a possessão e, à noite, voltava a viver estes dramas. Em geral, depois do exorcismo ou de uma oração de libertação, conseguia repousar pela primeira noite.


            Objetos vomitados
           
            Entretanto, o padre Matteo pensou confiar Ambrogio ao exorcista da sua diocese que, havia pouco, fora nomeado para aquele ofício. Este ocupou-se do rapaz durante quase quatro anos, de finais de 1996 a 2000.
            Durante um exorcismo, Ambrogio vomitou pétalas, uma fitinha azul com sete nós, uma cruz formada com um fio de ferro, um prego com cabeça quadrada, um corninho de coral e pedaços de vidro: todas estas coisas, que ainda conservo, foram-me entregues por Ambrogio. Noutra vez, os vidros e a porta da saleta dos exorcismos começaram a tremer e não havia vento.
          Um dia, de regresso a casa, depois do exorcismo, Ambrogio teve reações violentíssimas contra a sua mãe: com um pontapé fez literalmente cair uma das paredes do seu quarto; depois, pegou na máquina de costura, ergueu-se e atirou-a contra um jovem que, naquele momento estava em sua casa; mas não o atingiu.


            Uma moça belíssima

            Entretanto, Ambrogio era denunciado por diversas pessoas por lhes ter enviado cartas e feito telefonemas anônimos.
      Na verdade, existiram; mas, enquanto ele se encontrava em transe, do que, evidentemente, não se lembrava.
            As denúncias provocaram o seu isolamento. Todos o abandonaram, inclusive os seus familiares.

            Desde então, começou a ouvir uma voz a dizer-lhe: “Doravante, pertences-me e não tens escapatória. Deus pôs-te de lado. Deus não te ama. És nosso.”
            Aquele abandono da parte de todos provocou em Ambrogio sentimentos de grande prostração. Sentia-se uma nulidade e tinha decidido acabar com tudo, atirando-se da janela de cabeça para baixo.

            Mas, quando já estava para realizar sua decisão, alguém veio socorrê-lo.
            Ao abrir a janela, viu uma belíssima rapariga que o fixou nos olhos. Aquele olhar fulminou-o: naquele instante, a tentação de suicídio desapareceu e, inundado de grande paz, caiu num sono profundo.

            Sonhou que a rapariga o acariciava, lhe beijava a testa, lhe fazia beijar o crucifixo que trazia consigo e lhe dizia: “Telefona às minhas Irmãs e diz-lhes que rezem por ti. Eu estou junto de ti.”
            No dia seguinte, ao acordar, sentiu necessidade de rezar. Pegou no livro Pregate, pregate [Rezai, Rezai,] e encontrou uma imagem de Jesus Crucificado com o endereço das “Irmãs de Santa Gema”.


                  Distúrbios de Ambrogio

            Em 2000, Ambrogio teve de voltar ao padre Matteo, porque o exorcista da sua diocese, talvez com medo, tinha decidido não lhe fazer mais exorcismos e confiar a sua libertação aos meios ordinários: Missa, Confissão e Comunhão.
            De fato, fui eu quem teve de ocupar-se, porque havia pouco tinha sido nomeado exorcista da diocese de Palermo (13 de Abril) e, para aprender, fui falar com o padre Matteo que, ao entregar-me o Rito degli esorcismi, me mandava fazer tudo, embora ele estivesse presente.
            Foi assim que, nos aposentos do padre Matteo, conheci Ambrogio e lhe fiz o primeiro de uma série de exorcismos. Estávamos em Maio de 2000.
            Desde início, entrou logo em transe e manifestou-se nele o Maligno com uma violência incrível.
            Deitado de costas no chão, fincando-se nos pés, deslocava-se com uma velocidade impressionante de um lado para o outro da sala para escapar à minha oração.
Um dia, o sapato saiu misteriosamente do seu pé e foi bater no padre Matteo, presente no exorcismo.
            Dizia que o seu nome era “Legião” e que possuía Ambrogio desde o nascimento. Não tencionava ir-se embora, porque a alma dele – dizia-lhe pertencia e não pensava deixá-la.
            Continuei a seguir Ambrogio, tanto nos aposentos do padre Matteo (de Outubro de 2000 a Julho de 2002).
            Durante estes anos, mas também antes, ele sentiu sempre sonolência na oração e uma grande repugnância por ela e também pela Eucaristia. As suas noites foram marcadas por insônias persistentes que, todavia, nunca lhe causaram cansaço. De fato, os seus dias caracterizavam-se por uma hiperatividade e por uma força extraordinária. Disso ainda se recordam aqueles que foram seus vizinhos.
            Ao entrar na igreja, sentiu sempre o cheiro de cadáver em decomposição, fenômeno que se acentuava quando se aproximava do Sacrário ou quando, mesmo com grande dificuldade, ia comungar.
            Às vezes, esse mau cheiro emanava do seu corpo, coisa que também os outros sentiam.
            Ao participar na Missa, era obrigado a ouvir blasfêmias horríveis e sentia uma forma interior que o levava a proferí-las em voz alta, que ele se esforçava por controlar. Quando temia não conseguir, fugia, indo para a sacristia.
            A participação na Missa foi-lhe sempre um suplício, porque então era sovado, cujos sinais lhe marcavam o corpo. O mesmo acontecia sempre que, na conversa, se abordavam temas religiosos.
            Depois, quando tinha de preparar tudo para a celebração da Santa Missa, ficava de tal modo baralhado que precisava de muito mais tempo.
            Por fim, sentia uma tendência obsessiva que o impelia a matar animais enquanto criaturas de Deus, e acontecia que, quando se punha em oração, saíam da sua boca blasfêmias contra o Senhor, em vez das orações que ele julgava estar a rezar. Mas ele não se dava conta disso. Só quem estava à sua volta o ouvia.
(continua...)



[1] Jesus Salvador dos Homens

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