Apresentação

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Do livro: O Diabo existe: eu encontrei-o


Conta as experiências de exorcismo do Frei Benigno, em Palermo, Itália.

O CASO AMBROGIO – Parte 2 

Comportamento durante os exorcismos

             Em todos os exorcismos, quando Ambrogio entrava em transe, apesar de ser baixo, magro e frágil, tornava-se violento, agressivo e com uma força tal que três homens dificilmente conseguiam segurá-lo num colchão colocado no chão.
             As orações tornavam-se muito mais violentas durante o rito da imposição das mãos com a invocação do Espírito Santo e quando lia o trecho de Ezequiel 28, 11-19. Com grandíssima raiva, começava a gritar para que parassse: << Pára, stafermo de padre!>> - dizia-me.
              Depois se eu evocasse Jesus, ele fazia questão de me dizer com satisfação que fora ele a matá-lo: <<Eu matei-o.>>

              Uma vez, a uma ordem minha, disse-me que era Satanás; outra vez, que eram sete; e ainda outra vez, que eram seis, do quais Lúcifer e Asmodeu. Só uma vez me disse todos o nomes dos que estavam presentes: Lúcifer, Asmodeu, Meridiano, Besta e Astarot.
              Ainda hoje me lembro das suas blasfêmias contra Deus, contra a Virgem Maria e contra Santa Gema Galgani, por quem Ambrogio nutria uma grande devoção.
              Lembro-me dos palavrões que me dizia.
              Também recordo as cuspidelas que me chegavam com uma prrcisão de atirador especial; por isso, eu era obrigado a tapar-lhe a boca com uma toalha.
              Lembro-me do que aconteceu no dia 19 de Março de 2002, quando durante o exorcismo apareceram no corpo de Ambrogio diversas cruzes, um triângulo e o 666*, e ele vomitou uma pena de ave.
              Alguns dias antes, depois de ter orado durante meia hora de noite e depois de ter ido para a cama às duas, e ter adormecido, Ambrogio despertou uma hora depois no cemitério da sua terra, sentado na tumba de uma sua tia que, em vida, fora bruxa. Para voltar a casa, teve de saltar com grande dificuldade os muros do cemitério, já que o portão estava fechado. No entanto, conforme me informou o próprio Ambrogio, não será possível fazer o mesmo percurso no sentido inverso pelo modo como foram construídos os muros do cemiterio.
            Quando eu invocava sobre ele a intercessão da Bem -aventurada Virgem Maria, gritava-me que não falasse com ela:< <Não ligues àquela!>>
            Quando eu punha a Bíblia sobre o seu corpo, dizia-me: <<Tira daqui esse monte de papel>>.
            Um dia, em que sofri muito por causa das orações do exorcismo, suplicava-me: <<Deixa de atormentar-me.>>
            Outra vez, pelo contrário: << Vais pagar-mas!>>
            E ainda outra vez: << Esta noite irei ter contigo para te bater!>>
            No dia 5 de Fevereiro  de 2002, ele estava particularmente irado; voltou-se para mim e disse: <<Estás cansado. Acabarei por te vencer. Eu mato-te.>>
            Um dia declarou-me: <<Sou o príncipe deste mundo e arrastei comigo metade do céu. Satanás reina! Não vês que todos me seguem? - Embora depois tivesse de admitir: - Tenho poder sobre os homens porque eles me dão.>>
        Os meses que precederam a libertação definitiva de Ambrogio foram marcados por diversos distúrbios. Apareceram no seu corpo, mas não durante o exorcismo, diversos sinais: muitas cruzes de cabeça para baixo, uma delas na testa, o 666 e uma estrela de cinco pontas com o 666.


A arma da ironia

          
            Já falei disto no meu livro Dalla filosofia all´esorcismo, ma quero recordá-lo também aqui.
        << O Maligno, ao falar-me de Ambrogio com ódio infernal, quis que eu soubesse: "Fá-lo-ei sofrer ainda mais. Vou reduzi-lo a um farrapo. Irei matá-lo." Como eu sabia que Ambrogio oferecia os sofrimentos que ele lhe provocava, para o crescimento do Reino de Deus, reagi, utilizando a arma da ironia: "Aprendi, nos estudos de teologia - disse-lhe-, que é um ser inteligentíssimo; mas, pelo que estás a dizer-me, parece justamente  que não és e vou demonstrar-to. Não compreendeste que Ambrogio oferece os sofrimentos que lhe provocas pela salvação do mundo? Não compreendes que, assim, és tu, que pensas que o venceste fazendo-o sofrer, quem acaba por ser derrotado? Não compreendes que, agindo assim, tornas-te, contra a tua vontade, instrumento nas mãos de Deus para a construção do seu Reino? Onde está a tua inteligência?"
            Diante desta minha provocação irônica, o Maligno, humilhado, não se rendeu, mas desistiu, indo-se embora.
           Repentinamente, Ambrogio saiu do transe e, como se tivesse disso despertado de um sono profundo, perguntou: "Mas o que está a acontecer?"
           "Nada - respondi. - Está tranquilo. Foste libertado. Agradece ao Senhor."
            Durante aquele exorcismo, que durou cerca de duas horas, o corpo de Ambrogio, sob a ação do Maligno, tinha gastado muitíssimas energias, tendo-se debatido furiosamente e oposto as suas forças às de quatro pessoas muito robustas que o mantinham imobilizado. Haveria de estar fisicamente destruído; mas, em vez disso, levantou-se como se tivesse repousado a noite inteira e voltou para casa tranquilo, sorridente e feliz.
[trecho suprimido]

<< Um dia, eu recitava o texto latino do Ritual antigo (tenho a faculdade de fazê-lo, concedida expressamente pela Santa Sé e obtida pelo Arcebipo de Palermo); quando proferi a palavras dirigida ao Maligno: "Tu, autor de incestos; tu, chefe daqueles que fazem sacrilégios; tu, mestre das ações mais perversas; tu, professor dos hereges; tu, inventor de todas as obscenidades ", ele gritou um sim, muitas vezes repetido, mas com um tom que exprimia toda a sua satisfação e todo o seu ódio aos homens. Era como se me tivesse dito: "Sim, é verdade o que estás a dizer e gozo imensamente com isso!">>

          Uma inteligência aguda

          Num outro dia, quando perguntei-lhe: << Porque desobedeceste a Deus?>>, o Maligno deu-me uma resposta profunda do ponto de vista teológico> << Porque não tolerava Ele (=Jesus. O Maligno nunca pronuncia o nome de Jesus e ainda menos o de Maria) pudesse se amado mais que eu.>>
          Noutra circunstância, deu-me uma resposta diferente à mesma pergunta, mas que completa a primeira:<< Porque não tolerava que vós, homens, fôsseis amados mais que eu.>>
         Dizia que se tratava de uma resposta, teologicamente profunda, e apresentei as sua motivações no meu livro Dalla filosofia all´eorcismo que julgo ser útil reproduzi-las aqui:
        <<De São Pedro sabemos que "Jesus Cristo, tendo subido ao Céu, está sentado à direita de Deus, e a Ele e submeteram Anjos, Dominações e Potestades." (1Pe 3,22).
         De São Paulo sabemos com maior exatidão que Deus ressuscitou dos mortos Cristo Jesus e o fez sentar-se à sua direita, isto é, tornou participante do seu poder soberano, acima de todos os principados e potestades, de todos os poderes e dominações. Também sabemos que Deus pôs tudo debaixo dos seus pés e, com este poder todas as coisas, o constituiu chefe da Igreja que é o seu Corpo (cf. 1, 20-23).
           Pois bem, tendo Deus Pai constituído Jesus Cristo chefe da Igreja, que é o seu Corpo, concluiu-se que, onde estiver a Cabeça, aí estará necessariamente o Corpo.
          Portanto, como o Pai mandou a Cabeça sentar-e à sua direita, tornando-a participante do seu poder soberano, assim acontece também com o Corpo.
          E, como o Corpo obteve de Deus Pai poder sobre todas as coisas e foi constituido por Ele acima de todos os principados e autoridades, de todos os poderes e dominações, assim também o Corpo.

[trecho suprimido]

            O Maligno não quer aceitar nada disto. Na sua inveja e ódio, fruto do orgulho, não tolerou nem que Jesus, na sua humanidade, fosse tão exaltado em Cristo Jesus, fôssemos também mais amados que ele. Por isso, desobedeceu a Deus: "Eu não tolerava que Ele pudesse ser mais amado que eu. Não tolerava que vós, o homens, fôsseis mais amados que eu">>.
             Uma resposta verdadeiramente profunda que revela, em Ambrogio, não um desdobramento ou duplicação de personalidades, mas a presença nele de uma inteligência aguda que não pode ser a limitada de Ambrogio, incapaz destas profundidades teológicas.

[trechos suprimidos]

           A 2 de Julho, Ambrogio teve de voltar a receber a oração do exorcismo que foi a última. De fato, passado um mês, acontecia a libertação definitiva.
            Também neste último exorcismo, ao cabo de cerca de uma hora e meia de oração, vendo que o Maligno não se ia embora, recorri ao expediente de 15 de junho. Fui buscar o Santíssimo Sacramento e abençoei Ambrogio com a píxide. Teve o mesmo efeito que antes: a sua libertação.
             No entanto, quando regressei, depois de ter levado o Santíssimo Sacramento à igreja, ele tinha voltado a possuir Ambrogio que entrara de novo em transe.
             Por isso, continuei a repetir o exorcismo. Mas, vendo que não se ia embora, ameacei-o de que iria novamente buscar a Eucaristia.
            Com esta ameaça, elem cheio de medo e a tremer como uma árvore sacudida pelo vento, começou a gritar em altos berros: <<Não! Não o faças!>> Agarrou-me np hábito para não me deixar andar, fazendo-me cair no chão. Quando voltei à saleta com o cibório, dirigi-me a Jesus, dizendo: << Senhor, só Tu o podes libertar. Peço-te que intervenhas com poder.>>
           Repentinamente, o Maligno foi-se embora e Ambrogio, despertando como que de um sono profundo, começou a louvar e a bendizer ao Senhor.

[parte suprimidas]

No mês de Agosto, Ambrogio foi internado no hospital. Pois bem, enquanto lá esteve. ouviu distintamente uma voz que vinha do exterior dizer-lh: << ESTOU CANSADO DE TI, JÁ NÃO TE QUERO MAIS!>> Naquele momento, estava ao seu lado um amigo e um frade conventual.
          Imediatamente, Ambrogio - conforme ele próprio me referiu - sentiu como que um esvaziamento, como se alguma coisa tivesse saído dele e desapareceu aquela sensação de confusão que tinha. FOI O INICIO DA SUA LIBERTAÇÃO DEFINITIVA. De fato, o seus distúrbios começaram a desaparecer GRADUALMENTE.
         
[trechos suprimidos]

Ao concluir, uma pergunta

          Alguém poderia perguntar: <<Mas porque é que o Senhor permite que uma pessoa seja possuída pelo Maligno?>>
          Deixo a resposta a Ambrogio que, um dia, num momento em que não estava sob a ação do Maligno, me fez esta confidência: <<Agradeço ao Senhor por esta possessão. Graças a ela descobri o valor da Eucaristia. Hoje não consigo deixar de participar diariamente na Santa Missa e comungar todos os dias. A Eucaristia é para mim o oxigênio que respiro>>
       [trechos suprimidos]
Portanto, o Senhor retirou benefício não só para ele, mas também para o mundo inteiro, pelo qual Ambrogio oferecia todos aqueles tormentos que o inimigo lhe infligia.
         Numa entrevista, já depois da libertação, Ambrogio disse: <<Agradeço ao Senhor por tudo o que vivi. Posso dizer que conheço esta realidade um pouco mais que os outros. Não sinto o peso do passado... pelo contrário! Vi verdadeiramente que Deus fundiu o seu coração com o meu mais profundamente. Entrou nas minhas misérias para fazer-me ressurgir.>>


    


*O número da Besta (cf. Ap 13, 18)

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