As feministas do movimento "Marcha das
Vadias" defendem o direito das mulheres sobre o próprio corpo em
todos os aspectos, em resumo reivindicam o respeito de qualquer ser humano, mas
especificamente do sexo masculino, para que não se achem no direito de se ser
donos das mulheres. Eles se acham tão donos que quando passam na rua, assoviam
ou chamam de gostosa, quando nem sequer conhecem a mulher. Sei que alguns
cristãos e cristãs tendem a culpar a mulher pelo mau comportamento do homem,
isto é, culpam a forma provocadora que as mulheres se vestem como justificativa
para que o homem fique à vontade para expressar seu pensamento.
Eu concordo com muitos argumentos da tal marcha,
pela discussão que é proposta, mas para nós cristãos, esse tipo de movimento
não nos mobiliza muito por causa das causas que ele puxa junto, como o aborto,
para nós injustificável, uma causa para além de denunciar o machismo que
leva a violência sexual à mulher. Entendo que uma coisa leva a outra, já que
mulheres que se dizem dona de seus corpos com direitos, se acham no direito de
tirar a vida. Vejamos os seus argumentos:
As razões são verdadeiras e legítimas e não vejo
como a Igreja discordaria, mas a solução "daí podemos abortar" é que
não cabe. E não é puro moralismo da Igreja, ou por achar que Deus não se
importa com as mulheres, mas há por trás uma história do pensamento da
Igreja, do modo como Deus tem revelado as coisas aos homens desde a primeira
mulher e o primeiro homem que indica o caminho a que a Igreja se refere. E não
se trata de "patriarcalismo" como as feministas estão destacando,
estão usando esta palavra como sinônimo de machismo. Caberia num livro
esclarecer a posição da Igreja que é atacada como conservadora, da Idade
Média de maneira pejorativa. Mas não é simplesmente bater o pé e afirmar o
pensamento dos papas, sacerdotes e bispos porque são homens, simplesmente, mas
porque são sucessores dos apóstolos, a quem Cristo encarregou de transmitir
toda a doutrina da Igreja, reafirmar o Evangelho que ele deixou. Existe uma
relação de poder que é dado por Deus a estes primeiros homens, cabendo a eles,
dotados do Espirito Santo inspirar e transmitir toda a Verdade, como se pode
ver pelos milagres que eles fizeram em nome de Cristo, coisa que eles não
faziam antes, mas só depois que receberam o Espirito Santo. A contrário
do que pensam as mulheres que criticam a Igreja, a imagem da mulher é
engrandecida ao mais alto dos Céus na imagem de Maria, por suas virtudes,
submissão, sim à Deus, assim como Jesus (ser do sexo masculino) também foi
submisso. Diante dos homens, Nossa Senhora está na mais alta hierarquia, acima
dos anjos e todos as santas e santos. Daí a IGREJA tira a lição do que agrada a
Deus. A igreja vive hoje a geração Mariana, submissa à Nossa Senhora, quando os
grandes patriarcas tiveram seu papel na Igreja antes de Cristo.
Poderia-se escrever um livro com o título "A
mulher e a Igreja", e haveria de se colocar dois lados, um que degrine a
imagem da mulher e outro que eleva. Não vamos aqui ser parciais e dizer que os
cristãos não contribuíram ou não fizeram parte da cultura que submergiu a
mulher.
Eu como cristã, que busco estudar a minha fé,
entendo quando um santo diz ""A mulher é a arma do diabo" (
Santo Antônio), pois remete a Eva, que se deixou seduzir facilmente
a serpente (mas quem de nós não seria? não sejamos hipócritas). Também Adão
teve culpa, mas não vamos entrar no mérito nessa parte. Mas acho uma
desqualificação gratuita, apenas para denegrir a mulher, pensamentos como
"A mulher tem o veneno de uma áspide e a malícia de um dragão" S.
Gregório, '"De todas as bestas ferozes nenhuma é mais perigosa que a
mulher" S. João Crisóstomo. E mais do Antigo Testamento: "Não
permito que a mulher ensine" S. Timót. 1ª II-11
"Nem ensine nem cante nas igrejas o que seria
torpeza" Corint.1ª XIV-35
"Nem tenha a cabeça descoberta, porque não só
a voz mas
também os cabelos da mulher são coisas
indecentes" S. Paulo
Isso são retratos de uma época, é claro que existe
a parte
cultural, pois são homens que escreveram, até mesmo
porque
estes pensamentos do antigo testamento a
respeito das
mulheres não são verdades de fé, mas expressão da
época.
Tanto é que há trechos na bíblia que sugerem ao
escravo
serem submissos e obedientes aos seus senhores e
hoje a
igreja definitivamente não defende a escravidão do
homem
pelo homem.
Em contrapartida, para entender que apesar disso,
na
própria Escritura está escrito aquilo que as
feministas não
leram com atenção para criticar:
“Como, porém, a igreja está
sujeita a Cristo, assim também
as mulheres sejam em tudo
submissas ao seu marido.”
(Efésios 5.24).
“Maridos, amai vossa mulher, como
também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (Efésios 5.25)
Digamos que seja uma submissão consentida, entrega mútua,
porém não escravidão. Uma caminhada conjunta, uma parceria, uma
verdadeira relação de amor, se falta de uma lado, pesa do outro.
O Papa Paulo VI fez um discurso muito bonito sobre
as mulheres, que reafirma a imagem da mulher que predomina, a de mãe, mas sem
naturalizar, já que a feministas não querem ser associadas unicamente a tal
imagem e eu entendo porque, porque não querem ser predestinadas a uma coisa que
cabe a elas decidirem. E no discurso do Papa ele fala das mulheres, casadas ou
solteiras, e atribui a nós a competência sublime de salvar o mundo. Querem
mais?
Tem o discurso do Papa João Paulo II que mostra
a atualidade da Igreja sobre a mulher, sem se contradizer em relação ao
aborto.:
"Pensando, depois, a um dos aspectos mais
delicados da situação feminina no mundo, como não lembrar a longa e humilhante
história - com frequência, « subterrânea » - de abusos perpetrados contra as
mulheres no campo da sexualidade? No limiar do terceiro milênio, não podemos
permanecer impassíveis e resignados diante deste fenômeno. Está na hora de
condenar vigorosamente, dando vida a apropriados instrumentos legislativos de
defesa, as formas de violência sexual, que não raro têm a mulher por objecto.
Mais, em nome do respeito pela pessoa, não podemos não denunciar a difusa
cultura hedonista e mercantilista que promove a exploração sistemática da
sexualidade, levando mesmo meninas de menor idade a cair no circuito da
corrupção e a permitir comercializar o próprio corpo.
Por outro lado, diante de tais perversões, quanto louvor
merecem as mulheres que, com amor heróico
pela sua
criatura, carregam uma gravidez devida à
injustiça de
relações sexuais impostas pela força; e isto
não só no
quadro das atrocidades que, infelizmente, se
verificam nos
contextos de guerras, ainda tão frequentes no
mundo, mas
também nas situações de bem-estar e de paz,
não raro
viciadas por uma cultura de permissivismo
hedonista, na
qual prosperam facilmente também tendências
de
machismo agressivo. Nestas condições, a
escolha do aborto,
que permanece sempre um pecado grave, antes
de ser uma
responsabilidade atribuível à mulher, é um
crime que deve
e ser imputado ao homem e à cumplicidade do
ambiente
circundante"
Essa é a Igreja moderna a que tanto chamam de
conservadora. As mentes modernas de hoje não querem entender que algumas coisas
não podem ser modernizadas, pois se não entrariam em contradição. Não, não
seria mudança de paradigma, mas uma contradição! Por exemplo, é justamente o
caso do aborto. Como pode Deus criar a vida e atribuir direito às mulheres de
tirá-la, se Ele é o autor da vida. No caso de estupro, o estuprador é o culpado
( e ele pagará cada centavo a Deus, tenham certeza que seu crime não será
encoberto!) e tudo que a mulher tiver que passar nessa vida, a humilhação, todo
o sofrimento, Deus cobrará dele sim! E a mulher receberá as graças de Deus por
sua luta, por seu sofrimento, quem sabe em dobro, muito mais., mas se a mulher
optar pelo aborto, ela terá sua "recompensa", terá o
"alívio", largará o peso da cruz e ficará livre, mas também não vai
ressuscitar em Cristo porque ela cometeu um crime aos olhos de Deus para salvar
a si. É como disse Cristo Quem quiser salvar a própria vida,
perdê-la-á, mas quem perder a própria vida por Minha
causa, salvá-la-á» (Lc 9, 24). Claro que é possível a reconciliação
com a Igreja, em vida, para obter o perdão de Deus e salvar a vida eterna.
É valor cristão, é entendimento cristão de que não da pra ter uma
vida 'joinha aqui', sem sofrimento algum, porque o homem não sabe viver em
harmonia, já se perdeu em si mesmo, está sem rumo, sem Deus.
Jó é um exemplo blíbico da calmaria que se
transforma em
desolação, na fé que é testada e provada
justamente no
sofrimento. Ele vivia em paz, era rico e
feliz, mas o demônio
resolveu tentá-lo para provar pra Deus que
ele cairia, pois
para ele é muito fácil amar a Deus quando se
está tudo bem , quero ver quando a coisa desandar, será que ele manterá a fé?
E ele foi testado e provado em sua fé, foi fiel. Muito maior foi sua
recompensa, após perder tudo.
Aí, lá vem as feministas e os feministas querendo
que abramos mão de "nossas crenças", então vamos fechar as bíblias e
parar o culto a Deus de mais de 2.000 anos. Será que o mundo seria um lugar
muito melhor sem Deus? Na verdade, essa pergunta nem caberia em nossas cabeças,
já que Ele que criou tudo isso aqui, é inconcebível! Ora, Deus bem que podia
nos abortar de uma vez e pararíamos de atazaná-lo, de ofendê-lo, de insultá-lo,
de incomodá-lo em nossas existências insignificantes.
Bom da pra ver que temos alguma chance, pois
estamos vivos ainda. Não por nossos méritos, mas por Sua infinita bondade,
paciência, sabedoria e amor.
Quando eu digo que não da pra abrir mão de nossas
crenças, é porque eu quero que vocês tolerem a minha fé, como eu estou tentando
tolerar as reivindicações destas mulheres, só até onde nossos argumentos não
entram em conflito. É isso que gostaria escrevendo o post, que tentassem entender
o que está por trás de nossa "crença" que para nós é a verdade.
Apesar das diferenças, é possível a tolerância. Eu falando por mim mesma,
tolero e não quero interferir no seu livre arbítrio, muito menos Deus! A Igreja
defende a vida e deve se posicionar, mas não decidir por ninguém e jamais irá
criar lei humana alguma para decidir pelas mulheres ou coisa alguma. A Igreja
militante pode até ir às ruas, mas só vai dizer o que pensa, nada mais. A
bancada evangélica quer interferir demais, concordo, embora seja a vontade de
Deus, que seus "fetos" vivam. Porém, os meios de Deus são outros, e
interferir assim é interferir no livre arbítrio que Ele mesmo criou, em sua
Sabedoria. Amar a Deus não é uma obrigação, não é imposto pra ninguém. Nem sequer
Deus quer que as pessoas encham as Igrejas por medo, mas simplesmente por amor.
Ele deseja ser correspondido, porque Ele amou a gente primeiro, assim como nós
amamos nossos filhos no ventre, e depois desejamos que eles nos amem, que
correspondam com nosso cuidado, nosso zelo.
Em resposta à pergunta do título que já foi respondido pelas feministas, mas para nós cristãos ficamos com a verdade do Evangelho que diz que o corpo, seja de homens ou mulheres, é templo do Espirito Santo, onde ele age, onde pode habitar quando permitirmos. Veja, nunca é uma invasão, mas sempre exige o "sim" de cada um. O Espírito Santo não habitará num corpo em pecado.
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