Apresentação

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

As vitimas do Maligno II

Do livro "Um Exorcista Conta-nos" - Pe. Gabriele Amorth - Ed. Paulinas

Existem pelo menos quatro causas essenciais: porque Deus o permite; porque a pessoa é vítima de um malefício; porque se encontra em estado de pecado grave e endurecida pelo pecado; porque freqüenta locais ou pessoas maléficas.

parte II

2 – Quando é que se é vítima de um malefício. Igualmente neste caso a culpa não é da parte de quem é vítima deste mal; no entanto há uma participação humana, ou seja, uma culpa humana da parte daquele que faz ou manda fazer o malefício a um bruxo. Por agora será suficiente dizer que o malefício consiste em prejudicar alguém através da intervenção do demônio.
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AMARRAÇÃO

Pode revestir diferentes formas: amarração, mau olhado, maldição... mas confirmamos que o meio utilizado é a bruxaria, (o chamado “trabalho”) e que esta é responsável pela maioria dos casos de possessão ou outras perturbações maléficas. Na verdade não sei como é que conseguem justificar-se os eclesiásticos que afirmam não acreditar em bruxarias; e ainda tenho mais dificuldade em compreender em que medida é que podem socorrer os fiéis que lhes aparecem incomodados com estes males.

         Algumas pessoas admiram-se que Deus permita tais coisas. Deus criou-vos livres e nunca renega as suas criaturas, mesmo as mais perversas; no fim faz as suas contas e dá a cada um o que merece, porque cada homem será julgado segundo as suas obras.
Entretanto podemos usar bem a nossa liberdade e receber os méritos por isso, ou podemos usá-la mal e ter culpas. Podemos ajudar os outros ou prejudicá-los através de inúmeras formas de mal, sendo o mais grave pagar a um assassino para que mate uma pessoa; Deus não age para a impedir.

Posso também pagar a um bruxo ou a um feiticeiro para que ele faça um malefício a uma pessoa; neste caso também não está previsto que Deus o impeça, ainda que na realidade o faça muitas vezes. Por exemplo quem vive na graça de Deus e reza com fervor está muito mais protegido do que aquele que não pratica ou, pior ainda, que vive habitualmente em estado de pecado.

         Digamos que, como já tivemos ocasião de repetir, o domínio das bruxarias e dos outros malefícios constitui o paraíso dos vigaristas. Reina a mentira e a verdade é a exceção. Terreno de predileção dos vigaristas, este setor também atrai muito as pessoas sugestionáveis e as mentes fracas. Por isso é importante que o exorcista assim como todas as pessoas de bom senso se mantenham atentas.

         3 – Um estado grave e endurecido de pecado. Agora abordamos a causa que infelizmente no tempo em que vivemos está num crescendo e em conseqüência disso está também num crescendo o número de pessoas vítimas do demônio.
No fundo o verdadeiro motivo é sempre a falta de Fé. Quanto mais a fé diminui, mais a superstição aumenta: é um fenômeno por assim dizer matemático. Creio que o Evangelho nos propõe um exemplo emblemático na figura de Judas. Era ladrão.

Não se imagina quantos esforços fez Jesus para o corrigir e o pôr no bom caminho, obtendo sempre recusas e obstinação nesse vício, chegando mesmo ao cúmulo de perguntar:“Quando me pagareis se vo-l’O entregar? E eles prometeram-lhe trinta moedas de prata” (Mt 26,15). E pode-se ler esta frase terrível, durante a Ceia: “E então, Satanás entrou nele” (Jô 13,27). Trata-se sem sombra de dúvida de uma verdadeira possessão diabólica.

         No estado atual do desmembramento das famílias atendi casos em que as vítimas eram pessoas que tinham uma vida matrimonial desordenada, além de outras faltas; recebi mulheres que, além de outros, tinham cometido várias vezes o crime do aborto; tive casos de pessoas que além de perversões sexuais aberrantes, se tornaram culpadas de atos de violência; e tive também vários casos de homossexuais que se drogavam e que caíram noutras ciladas ligadas à droga. Parece-me quase desnecessário dizer que, em cada caso, o caminho da cura só se inicia através duma conversão sincera.

As vítimas do Maligno

Em 2 de fevereiro de 1975, a Rádio Vaticano entrevistou William Friedkin, realizador do filme O Exorcista, e o teólogo jesuíta Thomas Bemingan, conselheiro técnico.


O realizador afirmou ter querido contar uma história inspirando-se num romance cujo tema se baseava num fato real ocorrido em 1949, mas preferiu não se pronunciar sobre a questão de saber se se tratava ou não de uma verdadeira possessão diabólica, contentando-se em dizer que isso era um problema para os teólogos, e não para ele.

         Quando perguntaram ao padre jesuíta se esta obra era um simples filme de horror ou qualquer coisa de outra natureza, este não hesitou em optar pela segunda hipótese.
 Fundamentando-se no enorme impacto que o filme teve sobre o público do mundo inteiro, afirmou que, com exceção de alguns detalhes espetaculares, o filme tratava do problema do mal com muita seriedade. Além disso reavivou o interesse pelos exorcismos, que estavam muito votados ao esquecimento.

  Para além das ciladas normais, como é o caso das tentações que atingem toda a gente, como se pode cair nas ciladas extraordinárias armadas pelo demônio? Pode-se cair nelas consciente ou inconscientemente, isso depende dos casos.

Existem pelo menos quatro causas essenciais: porque Deus o permite; porque a pessoa é vítima de um malefício; porque se encontra em estado de pecado grave e endurecida pelo pecado; porque freqüenta locais ou pessoas maléficas.

         1 – Porque Deus o permite. Sejamos claros: nada acontece sem a permissão de Deus. Por outro lado, claro que Deus nunca quer o mal, embora o permita quando somos nós a querê-lo (Ele criou-nos livres), e sabe tirar o bem até do mal.
Neste Primeiro caso, não há qualquer culpa humana, mas unicamente uma intervenção diabólica. Conforme Deus permite habitualmente a ação normal de Satanás (as tentações), dando-nos a todos as graças para resistir a elas e tirando daí méritos, se formos fortes; também Deus pode permitir, algumas vezes, a ação extraordinária de Satanás (possessão ou perturbações maléficas) a fim de exercitar o homem na humildade, na paciência e na mortificação.

 Podemos lembrar as duas situações já mencionadas: quando há uma ação externa do demônio que provoca sofrimentos físicos (tais como as pancadas e as flagelações sofridas pelo Stº Cura d’Ars ou pelo Pe. Pio); ou quando é autorizada uma verdadeira infestação, como dissemos a propósito de Job e de S. Paulo.
Padre Pio
Vianney, Santo Cura d´ Ars
 A vida de numerosos santos apresenta exemplos deste tipo. Entre os da nossa época, cito dois beatificados por João Paulo II: o Pe. Calábria e a Irmã Maria de Jesus Crucificado (a primeira árabe beatificada). 
Pe. João
Calabria
Irmã Maria de Jesus Crucificado
 Embora em nenhum dos casos tivesse havido culpa humana (nem por faltas cometidas pelos próprios nem por malefícios feitos por outros) tiveram períodos de verdadeira e confirmada possessão diabólica, durante os quais estes dois bem-aventurados disseram e fizeram coisas contrárias à sua santidade, sem que fossem minimamente responsáveis, pois, era o demônio que agia servindo-se dos seus membros.
Do livro "Um Exorcista Conta-nos" - Pe. Gabriele Amorth - Ed. Paulinas